CONSTRUÇÃO CIVIL

Search
Close this search box.

Moradia digna: engenheira reforma mais de 100 casas de graça

Moradora da região periférica de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Evelin Mello sempre se perguntou por que a população de baixa renda era tão invisibilizada na questão habitacional. Foi assim que ela decidiu se tornar engenheira e criar sua própria empresa, a Digna Engenharia, que atua no ramo da “Dignidade Habitacional”. Através do empreendimento, Evelin já reformou mais de 100 casas de graça ou a baixo custo.

“Sempre morei na região de periferia. Meus pais sempre passaram por muita dificuldade. Então, a Digna começou quando vi o dia a dia dos meus próprios pais e vizinhos. Eu nunca tinha visto um engenheiro em uma obra de bairro. Via a dificuldade deles em juntarem dinheiro para contratarem um pedreiro”, diz Evelin.

Para atender o público, a Digna Engenharia atua de duas formas: gratuita e com parcelamento em várias vezes, com financiamento de baixo custo e ajuda financeira de investidores que viram potencial no negócio.

“Para a modalidade gratuita, nós temos um doador-anjo [empresário anônimo que faz doações]. As famílias podem nos procurar para o atendimento. Criamos um formulário para ver se a pessoa se encaixa na necessidade. Mandamos o projeto e situação da família para a empresa doadora, eles aprovando, iniciamos a obra, que impacta diretamente na vida dos moradores”, explica a empresária.

Ela lembra a primeira obra gratuita que realizou pela empresa: era a casa de uma mãe solo, que trabalhava em dois hospitais para conseguir sustentar a casa e os filhos sozinha. Além de não ter condições financeiras para custear a reforma, ela relatava ter medo de deixar um pedreiro entrar em sua casa. Para a engenheira, o receio de algumas clientes em receber um profissional homem em casa ativa alguns “gatilhos” em sua mente. No passado, ela já sofreu com o machismo, que é bastante nítido no ramo da construção civil, um setor predominantemente masculino.

Hoje, Evelin, de 28 anos, e o marido, Wesley Alves, de 32, trabalham lado a lado comandando uma equipe de 15 pessoas, e a previsão é de crescimento da empresa nos próximos anos.

“É extremamente gratificante tudo isso. [Vale ressaltar que] a Digna não tem nada a ver com reforma. Nós trabalhamos com a transformação, que acontece depois que vamos embora. A reforma transforma as pessoas, elas observam que elas podem mais e percebem que podem não morar naquela situação insalubre. Nunca é tarde para realizar um sonho”, diz a engenheira.

Sobre ser mulher em um ramo masculino e quebrar estereótipos, ela destaca: “Outras mulheres estão vindo atrás. Se minha filha quiser ser engenheira? A gente tem que lutar por elas e tantas outras que virão! Já lutaram por nós, temos que continuar!”.

Famílias interessadas em se inscrever em ambas as modalidades da Digna Engenharia podem entrar em contato por meio das redes sociais da iniciativa. A ação social está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, como ênfase no ODS 11 – Comunidades e cidades sustentáveis.

Fonte: Observatório do Terceiro Setor