A problemática dos resíduos sólidos no Brasil é algo cada vez mais preocupante, as políticas públicas para destinação estão caminhando a passos lentos e algumas atitudes já foram tomadas, como a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2012, e junto a ela a determinação da extinção dos lixões em todo país até 2021 (prazo já prorrogado duas vezes). Os lixões são uma forma inadequada de destinação final dos resíduos sólidos, esses não possuem qualquer controle ambiental para diminuição de odores, atração de vetores de doenças que ameaça a saúde pública, para impedir a contaminação do solo e de corpos d’água, assim como evitar emissões de gases estufa. A destinação mais adequada atualmente são os aterros sanitários, que devem ser regularizados e possuir uma estrutura adequada para diminuição de todos esses impactos citados anteriormente. Contudo, apesar de ser uma solução com menor geração de impactos, os aterros sanitários também possuem certos limites, cada vez mais a vida útil desses diminui devido à grande quantidade de resíduos gerados diariamente.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) em 2018 foram geradas cerca de 216.629 toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia no país. Isso somatizando os recicláveis, material orgânico e rejeitos, sendo que, ainda segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os recicláveis deveriam ser triados e enviados para reciclagem, os materiais orgânicos enviados para compostagem e somente os rejeitos enviados para os aterros sanitários. Para que essa separação ocorra é necessário um esforço conjunto do poder público, setor privado e da própria população, que é responsável pela primeira separação, na origem da geração dos resíduos domésticos.
Analisando sob uma perspectiva global, de acordo com Programa Ambiental das Nações Unidas e a Associação Internacional de Resíduos Sólidos, 2015 a geração de resíduos sólidos em 2015 foi entre 7 e 10 bilhões de toneladas, sendo que aproximadamente 2 bilhões de toneladas foram os resíduos sólidos urbanos (24%). Segundo o mesmo relatório, apesar de avanços na área, cerca de 2 a 3 bilhões de pessoas no mundo, geralmente em países em desenvolvimento, não possuem acesso a um serviço regular de coleta e/ou disposição controlada dos resíduos sólidos. Isso reflete a magnitude do problema, que deixa de ser apenas ambiental e passa a ser prioritariamente uma questão de saúde pública, necessitando de múltiplos esforços e ações coordenadas para sua resolução.
Além disso as empresas e indústrias que têm a obrigação de recolher os resíduos gerados com o consumo dos seus produtos, como embalagens de vidro, plástico e etc, e retorná-los para sua cadeia produtiva para serem reutilizados, implementando assim a logística reversa. Contudo o que poucos sabem é que o material orgânico destinado para o aterro sanitário junto aos rejeitos (material que não pode ser aproveitado de forma alguma) são na verdade um tipo de resíduo que pode ser aproveitado para geração de adubo e composto orgânico através da compostagem.
Os resíduos orgânicos são constituídos basicamente por restos de animais ou vegetais descartados de atividades humanas. Podem ter diversas origens, como doméstica ou urbana, agrícola ou industrial , de saneamento básico (lodos de estações de tratamento de esgotos), entre outras. São materiais que, em ambientes naturais equilibrados, se degradam espontaneamente e reciclam os nutrientes nos processos da natureza. Assim, faz-se necessária a adoção de métodos adequados de gestão e tratamento destes grandes volumes de resíduos, para que a matéria orgânica presente seja estabilizada e possa cumprir seu papel natural de fertilizar os solos.
Segundo a caracterização nacional de resíduos publicada na versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, os resíduos orgânicos correspondem a mais de 50% do total de resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil. Somados aos resíduos orgânicos provenientes de atividades agrossilvopastoris e industriais, os dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos indicam que há uma geração anual de 800 milhões de toneladas de resíduos orgânicos.
Apesar disso, atualmente, menos de 2% dos resíduos sólidos urbanos são destinados para compostagem. Aproveitar este enorme potencial de nutrientes para devolver fertilidade para os solos brasileiros está entre os maiores desafios para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A correção orgânica dos solos com dejetos de animais e resíduos vegetais é praticada desde que os solos começaram a ser mobilizados para a produção vegetal, e foi, tradicionalmente, o principal meio de restaurar o balanço de nutrientes no solo. É provável que a prática da compostagem, tenha surgido com os primeiros cultivos agrícolas feitos pelo homem, existem registros que indicam que na China já haviam pilhas de compostagem há mais de dois mil anos.
Ao longo das décadas seguintes, a compostagem foi sendo estudada e aperfeiçoada e de forma científica se tornando uma tecnologia capaz de solucionar problemas agrícolas, como a recuperação de solos degradados, controle de doenças assim como solucionar questões ambientais relacionadas ao tratamento dos resíduos sólidos urbanos. Até fins da década de 1960, a compostagem foi considerada como um processo atrativo para a gestão de resíduos sólidos urbanos. O interesse na compostagem resultava na esperança de vender o produto acabado, como insumo agrícola e obter algum lucro. Todavia, na década de 1970 e 1980, a compostagem, nos países desenvolvidos, perdeu a sua popularidade como método de gestão dos resíduos urbanos, principalmente porque a qualidade dos resíduos se tornou cada vez mais inadequada para o processo de compostagem e, também, devido à inexistência de mercado para o produto acabado.
A compostagem, então, é um modo de reciclagem dos resíduos orgânicos, um processo aeróbio e totalmente controlado de biodegradação da matéria orgânica, ou seja, é a decomposição dos resíduos orgânicos por microrganismos ou minhocas californianas, e como resultado tem-se o adubo orgânico, ou composto orgânico, rico em nutrientes.
De acordo com a Eclo, o composto orgânico, imagem 1, é o produto da compostagem que concede uma boa fertilidade aos solos, já que enriquece os solos carentes de nutrientes; auxilia na aeração do solo, na retenção água e auxilia na contenção da erosão provocada pelas chuvas; além disso, o composto orgânico aumenta a capacidade das plantas na absorção de nutrientes.